cultura

A Arte e o Ser: Génese de Vida

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OLibertinoAntoninoNevesO mundo existe, porque tu lhe emprestaste o teu rosto.”
Luísa Dacosta


Há uns meses escrevi: “Porque vale pela sensualidade, pelas formas, pela estética... Enfim, pela Arte! Margarida Santos, porque vale bem a pena para balizarmos o BOM!”. Logo após a releitura da poesia em “eu amo tu”, obra transdisciplinar da escultora Margarida Santos onde a escultura, o desenho, a pintura e a poesia convivem amorosamente em plenitude com a sua autora, numa maturidade artística que comove o espectador. Redescobri novamente a Margarida Santos na sua multiplicidade feminina aquando da leitura da sua autobiografia, “Fragmentos de uma biografia roída”, obra escultórica com palavras e pontos de interrogação de um intimismo bárbaro, acutilante e provocador, como só de mãos, hábeis sobre a matéria, se produz: membros de Vida!
Neste dia inauguraremos a exposição “eu amo tu” – nunca morres dentro de mim -, da Margarida Santos, no Espaço ÁGORA da Fundação, com programa de poesia e música onde procuraremos elevar o espectador ao excelso e encantador Espaço de Arte e Ser. Aproveitaremos também para apresentarmos o seu livro com o mesmo nome e a sua autobiografia.
Margarida Santos Nasceu em 1946. Obteve a Licenciatura em Escultura na E.S.B.A.P., 1968. Foi bolseira da Gulbenkian antes e depois do Curso. Foi professora entre 1968 e 2006. Orientadora pedagógica da Direcção Geral do Ensino Básico; Orientadora da equipa da Educação Visual da Telescola; Autora, apresentadora e colaboradora de programas culturais da imprensa, da rádio e da televisão; directora artística da Galeria da Praça. Autora de obra pública e privada na área da Escultura: bustos, retratos, relevos, troféus, múltiplos, medalhas e monumentos; de programas radiofónicos e de artigos de opinião, crítica e crónicas na imprensa falada e escrita; de textos críticos para catálogos de exposições. Responsável por cursos para orientadores de professores, filmes pedagógicos e didácticos, diaporamas. Autora e ilustradora de poesia e de obra gráfica. Autora de monumentos de grande escala implantados no país e no estrangeiro. Realizou dezenas de exposições individuais dentro e fora do país. Participou em centenas de mostras colectivas. Desde 1968 até à actualidade desenvolve profícua actividade na área Literária e nas Artes Plásticas -  escreve, desenha, pinta e sobretudo esculpe. A sua casa-atelier situa-se  em Canelas, Gaia.
No Espaço PROJECTOS MEMORIUM, JARDIM DE INVERNO da Fundação, no eixo do Museu, inauguraremos a exposição "sombras que a luz não apaga", pintura de Pedro Prata, pintor autodidata que desde muito cedo desenvolveu as suas aptidões naturais pela pintura e a arte em geral com o desejo de transformar as emoções em fenómenos capazes de ultrapassar o que consideramos uma realidade objectiva e linear, marcando em todo o seu trajecto a sua tendência surrealista, bem presente nas suas obras. Representado em diversas colecções particulares e institucionais, assim como em marcantes eventos internacionais, faz parte do colectivo poético editorial DEBOUT SUR L'OEUF e integra as actividades do The Cabo Mondego Section of Portuguese Surrealism. Mas nada melhor para entendermos este convite do que o “poema meridional”, de Miguel de Carvalho, editado na revista “Telhados de Vidro”, Edições Averno, a 2 de Setembro de 2011:

ao pedro prata

conheço, a fria lava que te banha o outono
conheço, a desenfreada face que te abriga a noite
e o molde que te alberga o sonho

e vejo o teu sorriso que resiste à erecção dos deuses
e um leito que te esboça agreste uma memória de seios febris

vejo o meandro do teu rio onde as margens são palavras de liberdade,
vejo a seiva e a tempestade da tua paleta de cores
e o teu ritual de fogo como um refúgio paternal

vejo as poeiras que madrugam dos teus mares de dezembro
das noites grávidas que perseguem os teus pincéis
e dos territórios frágeis diluídos no líquido amniótico

e vejo um mar de naufrágios impossíveis
e um dia mais longo que a vida com um bosque ancorado ao silêncio

vejo espasmos de prata atirados ao vento
e gritos que beijam os teus desejos

eis as sombras que a luz não apaga.

No Espaço UNDERGROUD da Fundação inaugurarão as exposições:

“Anatomia do Cárcere” é a exposição / instalação que irá estar patente no Espaço da Susana Cortez e que “transporta para o papel as representações físicas do que é possível ser fisicamente aprisionado. O corpo é, então, explorado enquanto prisão. Prendemo-nos quando nos perdemos nos mapas mentais e nas questões de identidade, quando a mão morta nos prende a vontade de avançar, quando colocamos fechaduras nos olhos para bloquear ideias. O que nos sobra? Vultos. Vultos que nos representam a nós e aos outros que igualmente presos se revêem no self, esse ser interior, rei da entropia, que deambula dentro de nós abrindo e fechando o cárcere”.Susana Cortez nasceu em Coimbra em 1983. Natural de Pampilhosa da Serra, parte em 1998 para Coimbra para estudar. Ingressa, em 2001, no Curso de Línguas e Literaturas Modernas, variante Estudos Portugueses, mas não conclui a licenciatura. Trabalha desde 2006 numa livraria. Encontrou no Papercut, arte milenar que trabalha o corte de papel, uma terapia. 'De Cortar à Faca' é o seu projecto base.
“Ruralidade da gente marinhoa”, fotografias de Jorge Bacelar, Médico Veterinário de profissão mas com enorme paixão pela imagem. Nas suas fotografias revemos o nosso mundo rural relatado por gentes pelo olhar penetrante e invasor de uma lente cúmplice e genuína. Nasceu em Figueira de Castelo Rodrigo, sendo licenciado em Medicina Veterinária, a sua paixão pela imagem (que nos contagia) surgiu em agosto de 2011, com a compra de uma câmara de filmar. Em outubro de 2012 compra a câmara fotográfica e começa o percurso pela fotografia, dedicando-se a fotografar a ruralidade e a gentes marinhoas.
“O Libertino, estética erótica em formas artísticas que preenchem palavras que suscitam prazer”, exposição colectiva de arte que se renova para uma nova fase da temática. Mantendo como mote “O Bordel das Musas ou as nove donzelas putas” de Claude Le Petit (Séc. XVII), “Escritos pornográficos” de Boris Vian (Séc. XX), "Uivo e Outros Poemas", 1956, de Allen Ginsberg, impulsionador da geração beat, e a figura histórica John Wilmot, Segundo Conde de Rochester, pretendemos focar o erotismo meta-poético pictórico nesta nova etapa do projecto. Assim, a partir da obra de Antonino Neves, o Libertino convidará alguns artistas para um espaço onde se projectará um filme abordando a temática, na mais sublime aptidão do Ser Humano: AMAR.
Dois jovens aguedenses terão obras de desenho em exposição provando que a GÉNESE DE VIDA é não só possível mas emergente! São eles Jair Anjos e Diogo Araújo. Porque a Arte se cumpre e o Ser reclama!