cultura

A Possibilidade da Arte. Hoje!

There are no translations available.

Digam o que disserem, ele prova-nos que, malgrado as mais aviltantes experiências que a vida ofereça a um homem [ou mulher], o espírito do amor sobrevive para nos enaltecer as vidas se tivermos a inteligência e a coragem e a fé – e a arte! para persistir."
William Carlos Williams, in Introdução do Uivo e Outros Poemas

cartaz16maio
A Comemoração do Dia Internacional dos Museus e Noite dos Museus Na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro realiza-se com um conjunto de exposições temporárias a inaugurar e que estarão patentes ao público até ao próximo mês de Julho, terminando o ciclo das mesmas até ao período de férias do Verão; com uma palestra subordinada ao tema escolhido este ano para as comemorações, A Possibilidade da Arte. Hoje!, com Duarte Fiadeiro de Cifantes e Leão, professor, conferencista, investigador académico e aluno de doutoramento de Estudos do Património da Universidade Católica do Porto; com Cristina Bernardini, presidente da Assembleia e departamento de intercâmbio cultural da Atlas Violeta Associação Cultural; e com Vieira Duque, Conservador do Museu da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro; e acontecimentos musicais como ilustrações sonoras das exposições e ambientes que se pretendem cultivar numa museologia activa, actual, interventiva e transdisciplinar, reflectindo a globalidade de um Mundo a que pertencemos por direito e dever.
Neste âmbito e seguindo a tradição criada pelo ICOM, anualmente a 18 de Maio, este ano resolvemos que a celebração seria no sábado, 16 de Maio, agregando a tradicional Noite dos Museus.
O tema geral para este ano é "Museus para uma Sociedade Sustentável". A partir deste mote pretendemos trabalhar os novos métodos de pensar e de agir através das várias génese e fruições da Arte, num garante pela diversidade e transculturalidade.
Assim, reflectiremos todos sobre a função do Museu de Arte para uma Sociedade Sustentável: várias perspectivas, múltiplas fruições.
A Cultura e o Lazer são possíveis. Hoje!
Neste panorama, no Espaço Caminhos de Memória, teremos a exposição “A Possibilidade da Arte. Hoje!”, com trabalhos de alunos de Artes Visuais, 12º ano, da E. S. Marques de Castilho, realizados na disciplina de Desenho A, com o tema “Os Sapatos no Surrealismo”; a apresentação da Página Web VIEIRADUQUE.COM sobre Arte, Cultura, Património e Memória; e nos Jardins Quinta de S. Pedro, assistiremos a um espectáculo de dança infantil integrado no projecto sociocultural da Freguesia Águeda e Borralha: Oficina do Adro, da responsabilidade de Cláudia Pereira.
A partir das 16:00, e durante toda a tarde, inauguraremos todas as exposições temporárias selecionadas para este período do ano. Assim:
O Libertino, estética erótica em formas artísticas que preenchem palavras que suscitam prazer, exposição colectiva de arte, exposição colectiva, com curadoria de Vieira Duque, tendo como mote “O Bordel das Musas ou as nove donzelas putas” de Claude Le Petit (Séc. XVII), “Escritos pornográficos” de Boris Vian (Séc. XX), "Uivo e Outros Poemas", 1956, de Allen Ginsberg, impulsionador da geração beat, e a figura histórica John Wilmot, Segundo Conde de Rochester, que foi um libertino inglês, amigo do rei Carlos II e escritor de muita poesia satírica e obscena, através do filme "O Libertino" de Laurence Dunmore. Com obras de vários artistas da Arte Contemporânea em Portugal, tais como, Mestre José Rodrigues, Margarida Santos, Raquel Rocha, Antonino Neves, Marilyn Marques, Jaír Anjos (aluno de artes da E.S. Marques de Castilho, Águeda), Mestre Cruzeiro Seixas, Michael Barrett, Artur Bual, João Cutileiro, Lima de Freitas, Branislav Mihajlovic, Roberto Chichorro, Matilde Marçal, Moreira Neves, Maria João Franco, Mário Silva, Javier Gil, Quintas, Soares Branco, Jayr Peny, Xico Lucena, José Pádua, René Peña, Cohen Fusé, Aiser Jalil, Lud, DEmo, Duarte Vitória. 

Expressões Coloridas, exposição de pintura de CARLOS TEIXEIRA, “Existem pessoas que só comem porque lhes levam comida; existem pessoas que só têm agasalhos porque outros se sacrificam por eles; existem pessoas, muitas pessoas, que dependem das centenas de voluntários que todos os dias combatem anonimamente a pobreza. O nosso quotidiano civilizado está cheio desses seres que mantendo uma similar aparência física, se afastaram de tal maneira da humanidade que perderam o laço comum. Cada traço, cada ruga que carregam em sua face, escondem uma história, um pouco de dor, de alegria, decepção, de amor e melancolia (…)”, onde nos é transmitido, numa paleta muito visceral e particularmente forte de cores sobre tela, sob rostos perdidos no meio do nosso quotidiano urbano ou não, estórias de gente esquecida, marginalizada, mal-tratada, vulgar, mas únicas no próprio jogo da vida. Porque o somos. Carlos Teixeira narra vidas contando-as como novelas policromadas, numa (in)decência humana e gritante. Cores que trabalha em pinceladas intensas e robustas em tácnica e certeza, ímpias, mas doces em simultâneo, que nos não permite a indiferença: fruição de vidas alheias, mas tão de quem passa… com participação na última obra exposto de fotografias, Ruralidade, de Jorge Bacelar, Médico Veterinário de profissão mas com enorme paixão pela imagem. Nas suas fotografias revemos o nosso mundo rural relatado por gentes pelo olhar penetrante e invasor de uma lente cúmplice e genuína.
Mulher – Corpo com Alma, exposição de Mosaicos em Pedaços de Azulejos de AIRES FUMEGA, “O artista faz uma tentativa explorar o misterioso interior da mulher. Não será de todo uma tarefa fácil. Os resultados não são garantidos. A procura tem sido constante e o resultado inconclusivo. Esse mesmo desafio é proposto a todos que vêem a exposição. Cada obra exposta pode contar uma história ou retratar um estado de alma. Cabe a cada um entrar nesse espaço imaginário e tentar à sua maneira sair desse labirinto que é o interior de uma mulher. A viagem é feita entre a luz e a sombra. A luz mostra o que a mulher quer que seja visível. A sombra representa um mundo a descobrir. O mistério não será com certeza desmontado, mas cada um sairá com mais do que com que entrou.” Aires Fumega surpreende com uma mestria de um “puzzle” de pedacinhos de azulejos partidos ao acaso, construindo corpos e rostos de uma sensualidade feminina tão reais que a naturalidade nos comove. A singularidade da arte que nos propõe é de uma derradeira fé na imaginação, como génese do Ser, em pedaços mas inteiro, matéria reconstruida e revivida em mulheres que respiram vida e transpiram, em mosaicos, sensações, emoções e seduções!
Selva Tropical – Canto de Pássaros, pintura surrealista do artista RIK LINA, “Sobre o canto de pássaros 1999. Quando nos encontramos sossegadamente sentados numa floresta elaborando desenhos, ouvimos e sentimos os pássaros muito antes de os vermos. Encontram-se escondidos invisivelmente na folhagem, mas se permanecermos quietos num lugar, eles vêm ao nosso encontro, curiosos como sempre e observam-nos. Como tal, admirem as minhas pinturas e verão de igual modo os pássaros. Eu não inventei os pássaros nas minhas pinturas, mas subitamente, eles lá aparecem, poisando entre as pinceladas da folhagem. No momento, assim que se esboçam formas avículas decido dar-lhe ênfase – ou afastá-las com pinceladas da mesmíssima forma que um pássaro poisa na árvore, permanece ou foge. Dada a semelhança entre um pássaro e a folhagem, a distinção torna-se difícil. A camuflagem e ao mimetismo efetivo, cor, forma e movimentos são as mesmas folhagens, dos ramos e das flores. Mas sabemos que eles lá se encontram, ouvimos os seus cantos e seus chilreios. Observamos os seus movimentos irrequietos e seus voos repentinos imitando a vibração das folhas quando o vento sopra através das árvores. A imitação contínua e a constante metamorfose de uma forma para a outra é característica de toda a animação e inanimação dos seres e criaturas da selva. Constituem uma grande esfera… esta fronteira quase ecológica tangível existente em todas as florestas tropicais e bancos de “selvas coraliárias”, com que nos familiarizamos quando nelas nos encontramos mergulhados a desenhar e a pintar. Tento expressar a perceção da dinâmica de trocas entre fenómenos do visível, este contacto especial existente no quotidiano entre o material e o espiritual.” Rik Lina nas suas obras a óleo sobre tela, traz-nos a selva húmida de Saba, como tão bem o definiu Laurens Vancrevel: “ Quando caem as trovoadas tempestuosas sobre Saba, as edificações vegetais afundam-se aqui e ali, mas pouco depois, uma nova composição cresce acima das ruínas como se nunca houvera trovoada. As formas imaginárias e as telas vivas do mato incitaram Lina a combinar o método criativo do automatismo absoluto com estudo de formas e espaços naturais. Ele chamou a esta variante experimental de “automatismo vital”. O automatismo, definido em 1942 por André Breton como a facção específica do pensar, é o método que provoca a condição sublime da unidade com a existência. O automatismo pode ser treinado pelo acto de fazer surgir livremente as associações de palavras, imagens, formas, sons e outros. O aspecto particular do automatismo vital de Lina consiste numa corrente de associações necessárias em fazer agir o automatismo preso a fórmulas pululantes da natureza selvagem…”.
As ilustrações sonoras deste dia, funcionando como génese na criação e fruição com o público, Alfa e Ómega, numa Arte de Hoje que se quer aliar a uma Sociedade Sustentável, num contexto moderador entre nós e nós e também o outro que é toda a natureza, serão da responsabilidade de dois projectos tão criativos como esta acção proactiva se deve pautar. O lúdico a par da cultura heterogénea e eclética: JAZZWALKERS, um duo de DJ’s, Erotic Beats, “Bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, bla, fumam cigarros, vestem smoking e gravata preta. Yada, yada, yada, Jazz, Blues, Hip-hop, soul, funk, afro- beat, latino, erotic beats. Assim por diante, qualquer que seja, onde quer que, sempre que, tocando principalmente em Aveiro, Coimbra e Lisboa. Etecetera, entre outras coisas. Chega de conversa fiada! Nós tocamos com a alma. Nós tocamos para subconsciente, para o corpo desabitado e com uma dança sem igual. Desde o West Coast, Cool, Swing, Be-Bop, Hard Bop, Delta blues. Ritmos baseados no Hit-hat para levantar o humor. Arranjos de saxofone e trompete para impingir uma alegria involuntária entre o público. Um prelúdio para relaxar a mente. Até dizemos: Basta de emoções, vamos para o contacto físico! Então desencadeamos ritmos mais elevados aumentando o volume das músicas. O subconsciente se transforma numa necessidade dramática de cadência do corpo para manter-se com os ritmos mais vibrantes. Funky-Grooves, Brass-Band, Acid-Jazz, Boogaloo, Afro-Beat, Hip-Hop… tudo para ser misturado a fim de fornecer as necessidades emocionais / físicas do público.” Erótico e sensual será obrigatório! A Arte de ouvir e dançar… corpos e sensações auditivas foi o proposto e ei-los. Propomos, ainda, um café-concerto, no Espaço Cafetaria, com Double Strings, Cátia Pereira no violino e Luís Aguiar na guitarra acústica, bandolim e ukulele. Uma banda constituída por dois elementos que maravilhosamente exploram, a nível instrumental, interpretações de músicas intemporais e clássicas. Uma viagem por Memórias Auditivas, tal colecção que propomos sempre ao público que visita o Museu da Fundação: herança e dádiva, como garante de uma responsabilidade que assumimos no meio museológico global e particular para cada individuo que nos traz a razão deste projecto expositivo em permanência, objectivando a Sociedade e a respectiva Sustentabilidade que é premente e imanente!
Agradecemos a colaboração dos vários artistas e coleccionadores que disponibilizaram as suas obras para este evento, assim como ao José e Nuno Sacramento, à Artfor.Me e à Fundação José Rodrigues. Porque acreditamos que a Arte e a Cultura só em diálogo se pode realizar, esperamos por todos.


PROGRAMA ( com entrada gratuita):

10:00 – Recepção
10:30 – Palestra “A possibilidade da Arte. Hoje!” – Auditorium Clarissimi Viri
Exposição “A Possibilidade da Arte. Hoje!
13:00 – Intervalo para almoço
15:00 – Espectáculo de dança infantil integrado no projecto sociocultural da Freguesia Águeda e Borralha: Oficina do Adro.
16:00 – Apresentação e inauguração das exposições temporárias:
Expressões Coloridas, pintura, CARLOS TEIXEIRA – Espaço Ágora
com participação de fotografias de Jorge Bacelar
Selva Tropical – Canto de Pássaros, pintura surrealista, RIK LINA – Espaço Projectos Memorium, Jardim de Inverno
Mulher – Corpo com Alma, Mosaicos em Pedaços de Azulejos, AIRES FUMEGA – Espaço Underground
O Libertino, estética erótica em formas artísticas que preenchem palavras que suscitam prazer, exposição colectiva de arte – Espaço Underground
17:00 – Projecção do filme O Libertino de Laurence Dunmore
17:30 – Sunset com JAZZWALKERS – Esplanada Cafeteria Jardins Quinta de S. Pedro
20:00 – Intervalo para jantar
21:30 – Café-concerto Double Strings Cátia Pereira no violino e Luís Aguiar na guitarra acústica, bandolim e ukulele - Cafeteria Jardins Quinta de S. Pedro
23:00 – JAZZWALKERS (Duo de DJ’s), Erotic beats – Esplanada Cafeteria Jardins Quinta de S. Pedro
02:00 – Encerramento